No colo das gerações, um vermelho desponta,
Cravo nas mãos, memória que conta.
Cinquenta anos marcados em cada pétala,
Na mão trémula do avô , na voz que resvala.
"Filha", diz minha mãe, “este é o teu dia,
Vem abril na primavera, vem a alegria.
Era uma vez o medo, a sombra, a mordaça,
Mas floresceu a coragem em cada praça."
Minha avó , com olhar de quem tudo viu,
Entrelaça os dedos nos meus, força sutil.
"Foi por ti, por mim, por todos nós,
Que a liberdade se fez voz."
E os avós, com sorrisos de mil lutas,
Passam o testemunho, as histórias astutas.
"Vê, menina, como o teu país mudou,
Desde aquele dia que o povo acordou."
Seguro o cravo, vermelho como o sangue,
Que não foi derramado, mas fez-se estandarte.
"Libertar-se é aprender, é poder escolher,
É a voz que te diz que podes crescer."
Assim, neste dia, com a flor na mão,
Sinto a força da história, a pulsação.
O cravo, símbolo do que foi conquistado,
Guardo comigo, eternamente grato.
Hoje, revivo o encanto,
De uma flor que mudou o mundo, tanto.
Através das mãos que me ensinaram a viver,